sexta-feira, 23 de maio de 2014

ELEIÇÕES EUROPEIAS (?)

 
Começaram ontem (Holanda e Reino Unido), e prolongam-se até domingo, as eleições que irão escolher os 751 deputados para o Parlamento Europeu, quinquénio 2014/19.
Eleição relevante?
Pelos vistos, tendo em atenção a indigente campanha eleitoral portas adentro, onde, por exemplo, as diatribes de Rangel e Melo roçaram a mais boçal desonestidade intelectual, parece que, de facto, o que menos interessa é o Parlamento Europeu.
Que é como quem diz, a Europa.
Com efeito, e tirando declarações pontuais, a Europa esteve ausente...da Europa.
Nem em Portugal, nem em qualquer outro país da União Europeia, aparentemente, ninguém sentiu um arrepio quando, em entrevista ao jornal "Leipziger Volkszeitung", Ângela Merkel, cândidamente, admitiu que o seu partido e o parceiro da coligação, o SPD, partido "social-democrata" alemão, iam chegar a um consenso para...escolher os membros da Comissão Europeia.
Então não nos dizem que é o Parlamento Europeu que vai eleger o Presidente da Comissão Europeia?
É a Alemanha que o escolhe?
80 milhões de eleitores decidem por 340 milhões?
E ninguém diz nada, ninguém discute, ninguém exerce o contraditório, como peroraria Rodrigues dos Santos?
Neste assunto, como em muitos outros, silêncio absoluto!
A Fortaleza Europa não quer discussões, abomina a polémica, ignora os povos.
Quem discute as atribuições do Parlamento Europeu?
Ou do Conselho Europeu?
Ou os poderes da Comissão Europeia, que já teve um presidente como Jacques Delors e que, com Durão Barroso, se transformou na correia de transmissão de Berlim.
E quais as competências do Banco Central Europeu e os seus poderes para modificar a arquitectura disfuncional do Euro, que prejudica os mais fracos, em vez de se diluir n um suicidário "deixa andar"?
E o caminho para, já que, erradamente, se começou por uma União Monetária, tentar corrigir o erro com uma verdadeira União Financeira, Fiscal e Bancária?
E o que dizer da ponderação entre nações "fortes" e "fracas", com tudo o que de injusto e subjectivo tal acarreta, no seu peso relativo nas decisões da União?
E, finalmente, quais as hipóteses concretas, e os esforços para que tal suceda, para abrir, de par em par, as portas da Europa a TODOS os europeus, Europa fraterna, solidária, inteligente, dinâmica, como os seus Pais Fundadores desejaram e escreveram?
Nem por acaso, 12 dias depois das eleições, comemoram-se 70 anos da heróica gesta do desembarque aliado na Normandia, a 6 de Junho de 1944.
Talvez se nós, e muitos cérebros "inteligentes" da Europa burocrática, calcorreássemos esses sagrados areais, de Ste.Mère-Église a Oeste, a Ranville a Leste, teríamos, decerto, a sensação de vislumbrar vultos na névoa, de fardas e camuflados, armas na mão, imagens fantasmagóricas, que nos gelariam o sangue, os olhos fixos em nós, e um ensurdecedor murmúrio, transformado em grito:
"Não foi para esta Europa que morremos nas praias da Normandia!".

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