quinta-feira, 6 de junho de 2013

DIA D

Por esta altura, há 69 anos, já teriam desembarcado nas cinco praias da Normandia previamente seleccionadas (com os nomes de código "Gold", "Juno", "Sword", "Omaha" e "Utah"), cerca de 156.000 soldados aliados, enquadrados por uma frota de 6.939 navios (que os nazis diziam ser impossível reunir), apanhando quase de surpresa a Wehrmacht, que, ainda durante o dia, pensava ser o local de desembarque o Pas-de-Calais, iniciando aquilo que seria o crepúsculo do paranóico e criminoso "Reich de 1.000 anos", e a libertação dos povos europeus. 
Honremos, sempre, a sua memória.
A designada Operação Overlord, de 6 de Junho de 1944, foi a maior e mais complexa operação militar da história.
Cuidadosamente preparada durante cerca de dois anos, permitiu, até 11 de Junho, colocar em terra 326.000 soldados, 54.000 veículos e 104.000 toneladas de material diverso e libertar a primeira localidade francesa (Sainte Mère-Église).
Durante a madrugada, 23.500 páraqueditas, designadamente ingleses e americanos, desceram atrás das linhas inimigas, defendendo pontes, cruzamentos, vias de comunicação, enquanto, nos dias anteriores, a Resistência francesa desarticulava linhas ferroviárias, comboios de abastecimento, depósitos de armas, no sentido de facilitar a movimentação das tropas aliadas.
Se o desembarque, nalgumas praias foi quase um passeio, noutras, nomeadamente em Omaha, houve que enfrentar inesperada oposição alemã, deixando os americanos cerca de 2.500 mortos nessa praia, do total de 4.414 soldados aliados abatidos em combate.
Ficou conhecida como "Omaha A Sangrenta", e foi dramaticamente filmada por Steven Spielberg em "Saving Private Ryan" ("O Resgate do Soldado Ryan"), de 1998, com os 27 minutos iniciais mais arrepiantes do cinema
Sugere-se, a quem um dia visitar estes solos sagrados, uma deslocação demorada ao cemitério americano de Colleville-sur-Mer/Saint Laurent-sur-Mer, sobranceiro à praia de Omaha, onde repousam 9.386 soldados mortos durante toda a campanha da Normandia.
A partir desta dia único ("O dia mais longo", também título de um filme-quase-reportagem de 1962, realizado por Ken Annakin, Andrew Morton e Bernhard Wicki), os exércitos aliados iniciaram a sua progressão pela França, Holanda, Bélgica, até ao coração da Alemanha, onde se encontraram com as tropas do Exército Vermelho que, rebentada a bolsa de Estalinegrado, no início de 1943, como rolo compressor, atravessou a União Soviética, Polónia, Roménia, Checoslováquia, Hungria e Alemanha.
Quando se fala no chamado Dia-D, referem-se amiúde os soldados americanos e britânicos.
Mas havia mais. Havia muitos outros soldados nas fileiras aliadas
Da Austrália. Da Nova Zelândia. Do Canadá. Da Polónia. Da França Livre. Da Checoslováquia. Da Bélgica. Da Holanda. E da Grécia, pátria moral e espiritual do nosso velho continente.
A Europa reerguer-se-ia, lentamente, das ruínas e dos massacres da barbárie nazi.
Construiria, privilegiando a paz e a reconciliação, uma União que, mais do que países, se desejaria de povos.
Seria cooperante.
Seria tolerante.
Seria aberta.
Seria solidária.
Seria...
Ao contemplarmos a triste Europa de hoje, subscrevemos as palavras de um deputado britânico, no Parlamento Europeu:
"Não foi para isto que os nossos avós morreram nas praias da Normandia".


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