sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ORSON WELLES - O CINEMA A SEUS PÉS!

 
(Welles em "O Mundo a Seus Pés")
 
Deixou-nos, neste dia há 29 anos, e era impossível contornar a memória.
Orson Welles é o sinónimo do cinema dos nossos dias.
Este jovem, que aos 22 anos encenava e interpretava peças de teatro, que aos 23 sobressaltou a crédula América com a versão radiofónica, sentida, emocionante, realista, de "A Guerra dos Mundos" de H.G.Wells, aos 26 abria, de par em par as portas da modernidade cinematográfica com uma das grandes obras-primas com que o celulóide nos presenteou: "O Mundo a Seus Pés" ("Citizen Kane"), de 1941, do qual foi actor, realizador, produtor e co-argumentista.
Novidades como os ângulos em plongée ou contra-plongée, exploração do campo e do contra-campo, com total aproveitamento das virtualidades do filme a preto e branco (o que resulta numa goleada em "Avatares" e quejandos...), uma narrativa não-linear, com consequente edição e montagem sofisticadas para a época.
Mas, para além disso, Welles demonstrou uma coragem pouco habitual para a época: desafiou poderes estabelecidos e retrata, no filme, a ascensão, vida e decadência de um magnata da imprensa, e todos os vícios colaterais.
Muitos viram ali o retrato fiel do multi-milionário da comunicação, William Randolph Hearst.
Como consequência, foi perseguido pela imprensa, atacado por estúdios e produtores, e viu as salas de cinema recusarem-se a exibir os seus filmes, particularmente o "Kane".
Candidato a 9 Óscares, viria  receber o galardão, apenas, para melhor argumento original.
Muitos viram aí a vingança dos "donos" de Hollywood, muito embora se acrescente que o grande vencedor desse ano foi outra obra-prima "O Vale Era Verde", de John Ford.  
Para ultrapassar o boicote corporativo, trabalhou, sempre com brilho, como actor em dezenas de filmes, garantindo a subsistência.
André Bazin nos "Cahiers du Cinéma" não hesita em dizer que Welles representa um renascimento e uma revolução no cinema americano. 
Para além de "Kane", convirá ainda destacar, pela qualidade, outras obras por si realizadas como "O Quarto Mandamento" (1942), "A Dama de Xangai" (1947), "Otelo" (1952), "A Sede do Mal" (1958), ou "O Processo" (1962).
Orson Welles, sempre a visitar ou revisitar, tal como "O Mundo a Seus Pés".

("Citizen Kane" - até o trailer é original!)

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