sexta-feira, 24 de outubro de 2014

LAPSUS LINGUAE

 
("Malandreco, andas a jogar Mortal Combat com os sôtores..".)

E, como é costume, o rapazola Coelho não é capaz de estar calado, e, vai, daí, disse do bombista Crato: "...Que nunca evitou lavar as mãos...".
Pois, é daquelas coisas que se atiram para o ar sem pensar, como é costume desta malta, e como diria o povo, apesar de tudo, fugiu-lhe mesmo a boca para a verdade...
Mais intelectualmente, cometeu um "lapsus linguae"...
Lapso que o Crato comete há meses, há anos.
Ele é a colocação desastrosa dos professores, ele é a redução do orçamento da Educação em 704 milhões de euros, ele é o corte na investigação, no ensino superior...
Não, isto não são lapsos.
Isto é premeditado.
Isto é a destruição (implosão, não é Nuninho?) da escola pública, o financiamento descarado do ensino privado, que não sofre cortes.
É uma opção de classe, que destina o ensino só para elites.
A grande maioria do povo não precisa.
Basta-lhe saber escrever, contar, ler.
Para salários de miséria.
Sem qualificação.
Embaratecer o trabalho, cortar as pernas ao protesto, à revolta.
Ou trabalhas por tuta e meia (até abaixo do salário mínimo...), ou vais para o desemprego, e aí amansas logo.
E mesmo aqui, enquanto se baixa o IRC que só beneficiará as grandes empresas, fixa-se um texto para as prestações sociais não contributivas, como o subsídio de desemprego, o rendimento social de inserção, o complemento solidário para idosos, o abono de família e até aquilo que a rapaziada denominou por "subsídio social de doença", que não existe. É o que se chama competência e conhecimento dos dossiers...
Tecto para aquilo que ainda alivia a pobreza?
Talvez para que cada vez mais tenham de deixar o tecto e encher o Túnel do Marquês ou as arcadas da Ribeira...
Privilegiar o Capital e, cada vez mais, extorquir o Trabalho é, sem qualquer dúvida, opção de classe.
E venham lá dizer que a luta de classes passou à História...
Não, eles sabem muito bem o que fazem.
É rodear-nos de medo, de angústia, de desesperança, de frustração, de pavor do fim do mês, do terror das notícias pelo correio ou mail, é obrigar-nos a dobrar a espinha, porque não sabemos o dia de amanhã, ou daqui a bocado.
Incerteza, incerteza permanente...
E inquietação, inquietação todos os dias, todas as horas.
E, se mais não houvesse, só por isso não merecem perdão!
("Inquietação" - José Mário Branco)
 

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