sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PECADO MORTAL!

 

"Pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia e em Portugal e, muitas vezes, na Irlanda".
Esta frase, um pouco lágrima de crocodilo, foi proferida por Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia que, acrescentou, também, que " a troika é pouco democrática, falta-lhe legitimidade".
Ou seja, ao fim de seis anos a União Europeia reconhece que os "métodos" utilizados para combater a grave crise económica e financeira estavam errados e conduziram a resultados que ofenderam a dignidade dos povos sujeitos a resgates.
Que Schauble se esteja nas tintas para estas declarações é natural. Até foi buscar, bem amestrada, a Maria Luís Albuquerque, para apresentar a cobaia portuguesa e dizer que o programa, afinal, tinha resultado.
Para a Alemanha, tudo bem. Desde o Tratado de Maastricht (1992) até ao Tratado Orçamental (2012), passando pela dita União Monetária, e o Euro, que toda a "construção" europeia se dirigiu para o financiamento da reunificação alemã e o seu domínio na Europa, mais eficaz que as botas dos SS, os panzers do exército e os stukas da Luftwaffe, e o apetite para Leste, com o desastre criado na Ucrânia, e o tratamento vergonhoso de que a Grécia está a ser vítima, e que pode abrir uma verdadeira caixa de Pandora.
Tal é a cegueira ideológica destes liberais de ultra direita que nem se apercebem da invejável posição estratégica da pátria dos helenos, próxima do leste europeu, abrindo as portas ao Oriente Médio.
Os EUA já o perceberam e aconselharam o entendimento entre a União e a Grécia.
Mas que a paranóia germânica e dos seus acólitos desdenhe de Juncker, já é sabido. É a vingança das humilhações de 1918 e 1945. As mesmas que querem que a Grécia sofra.
O que é para admirar é que governantes de povos que sofreram com os resgates venham a público dizer que as palavras do Presidente da Comissão são "infelizes" e que nunca a nossa dignidade foi insultada.
Como o fizeram Marques Guedes e Passos Coelho enquanto, ao lado, Paulo Portas, melífluo, hipócrita, demagogo, vem afirmar que essa foi uma das preocupações do CDS, partido que, como se sabe, NÃO participa deste governo, de há quatro anos a esta parte.
O que prova que, por enquanto, não temos Governo.
Temos acólitos, colaboracionistas, a quem basta passar a mão pelo pêlo, para abanar o rabo e salivar abundantemente por migalhas.
Atiram-se para trás das costas, varrem-se para debaixo do tapete, desempregados, emigrantes, cortes dramáticos na saúde, educação, justiça, no investimento, uma completa razia.
Face a este comportamento vergonhoso, apetece dizer, como o líder, de facto, da oposição, um tal Mário Soares de 90 anos, "O Governo que se cuide!".
Por muito menos, Miguel de Vasconcelos tropeçou na janela e estatelou-se ao comprido!

  ("Os Vampiros" - José Afonso)

Sem comentários:

Enviar um comentário