sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

PASSOS COELHO : VIVA LA MUERTE


De acordo com notícias hoje publicadas, o Estado terá chegado a acordo com a farmacêutica Gilead para a disponibilização do medicamento que consegue curar a hepatite C por metade do preço inicialmente previsto, isto é, segundo consta, por cerca de 24.000 euros por doente.
Diga-se, porém, que, infelizmente para muitos, o acordo vem tarde.
E porquê tantos meses de espera, por um fármaco imprescindível?
Erro administrativo, incúria, incompetência ou...algo mais sinistro?
Segundo dados hoje transmitidos pelo Ministério da Saúde, com este protocolo - que ainda não está no terreno, convém frisar- serão abrangidos cerca de 11.000 pacientes. Vamos estender o número para 13.000.
Aplicando o preço agora acordado, o encargo com o fármaco ascenderia a 312 milhões de euros.
Se a isto somarmos, ainda, os custos logísticos a nível de hospital, corpo médico e de enfermeiros, coloquemos uns prudentes 500 milhões de euros como despesa, a qual não seria repetida porque, decerto, não surgiriam 13.000 novos casos de hepatite C por ano.
500 milhões de euros para salvar 13.000 vidas.
Gastaram-se 880 milhões por DOIS submarinos!
Pagam-se, por ano, 7 mil milhões de euros em juros usurários à troika!
Ah, mas aqui entra em cena o primeiro ministro, de seu nome Passos Coelho.
Que diz que Portugal tem de pagar a dívida "custe o que custar".
Mas que afirma, sem corar de vergonha, que o Estado deve fazer tudo ao seu alcance para salvar vidas humanas, mas é mentira que "custe o que custar".
Ou seja, para Passos Coelho a dívida é mais importante que a vida!
A submissão ao capital é superior ao bem estar e à dignidade das pessoas!
Sempre se acreditou que o Estado seria uma pessoa de bem.
Com esta gente no Governo, que detesta o Estado, o mesmo passou a ser uma pessoa de mal!
Triste país onde o direito a viver tem um preço.
Os nazis eliminavam as pessoas em campos de extermínio e fornos crematórios.
Passos Coelho e o seu fiel Ministro da Saúde não dão tanto espectáculo.
Basta deixar as pessoas morrer, porque dizem não haver dinheiro.
Viva la muerte! 

("Epígrafe para a Arte de Furtar", de José Afonso, com poema de Jorge de Sena)


  

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