quarta-feira, 9 de março de 2016

ATÉ QUE ENFIM!

Finalmente, quase 36 anos depois, vemos-te pelas costas.
Depois de, desde sempre, as teres voltado para nós.
Como primeiro-ministro, como o presidente, como pessoa.
Destruíste uma agricultura, uma pesca, uma indústria, apoiaste, por acção directa ou inacção calculada, os que quiseram vergar e ajoelhar este país.
Inclinaste sempre a cerviz perante o estrangeiro, como qualquer provinciano iletrado, que, no fundo, és.
Tens os piores defeitos que se podem encontrar entre os portugueses.
Rancor a quem desafia o pensamento único, a verdade absoluta, os interesses instalados.
Mesquinhez perante o êxito alheio, a alternativa que tem sucesso.
Mediocridade no verbo, na prosa, nos conceitos, na expressão, na "indicação" que, intencionalmente, usaste por contraponto a "indigitação". 
Ignorante para tudo o que cheire a cultura, a arte, a educação.
Nunca leste a "Utopia" de Thomas Mann. Porque Thomas Mann nunca a escreveu.
Não sabes os cantos dos Lusíadas porque também desconheces o que canta o Poema.
Afrontaste, assumidamente, o único Prémio Nobel da Literatura em língua portuguesa.
Mas soubeste penduricalhar quem o censurou.
Entre outros.
Que não são empreendedores, formadores, lideres, fazedores de esperança ou de empregos.
Apenas novos-ricos, chicos-espertos subsidio-dependentes, que infestam e chulam este país, muito à maneira parola e interesseira que gostas de cultivar, e cuja mais-valia é igual a zero.
Por isso  penduricalhas Dias Loureiros ou Zeinais Bavas.
E rodeias-te de Duartes Limas, Oliveiras e Costas, Ricardos Salgados.
E, como qualquer patego-olha-o-balão, falas em vacas açorianas sorridentes, grandes bananas da Madeira ou cagarras apertadas das Selvagens.
E figuras no retrato oficial com a pose pernóstica, caneta em riste para cortar sabe-se lá o que te vai na cabeça, mão pousada sobre livros que desconheces, como vulgar pato-bravo que forra paredes com lombadas de prestígio.
E escolhes um pintor conhecido pelas suas obras eróticas, algumas de conotação gay.
Tu que abominas tudo o que vá contra a tua normalidade papá-mamã, feijão com arroz.
É disto tudo que nos livramos, desta tacanhez castradora, deste clericalismo de província.
Olha, se fosses António Silva (vade retro!, coitado dele) em "O Pátio das Cantigas", bem podias ir para termas no Cartaxo.
Que nós, em coro com o Vasco Santana, dir-te-íamos "E quando lá chegares manda saudades, que aqui não deixas nenhumas".



  

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