Nasceu em Coimbra a 17 de Julho, já lá vão 95 anos, e aí licenciou-se em Histórico-Filosóficas.
Foi um dos grandes nomes que ajudaram a crescer, e a divulgar, o movimento neo-realista em Portugal.
Talvez o seu nome não seja tão conhecido como outros companheiros de jornada, como Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, ou Mário Dionísio.
Mas o seu contributo, e a sua qualidade foram decisivos para marcar toda uma época e toda uma estética, bastando referir que foi um dos responsáveis pelo surgimento do "Novo Cancioneiro" que, nos idos de 40 agitou os meios culturais portugueses, erguendo das raízes o neo-realismo.
Integrante do chamado "Grupo de Coimbra", muitas das polémicas dadas à estampa em revistas, muitos poemas, muitas posições estéticas e políticas nasceram nas tertúlias reunidas na sua casa na Rua do Loureiro, onde hoje está a Casa da Escrita, em Coimbra.
A sua colecção de Obras Completas, em três volumes, encontra-se publicada pela Editorial Caminho, cuja leitura se recomenda.
Por fim, e nesta apresentação breve, é fulcral referir que João José Cochofel foi, com Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, Papiniano Carlos e outros, um dos grandes poetas que escreveram textos que Fernando Lopes-Graça musicou naquela compilação que passou à História como "Canções Heróicas".
E muitos desses poemas estão, dolorosamente, extremamente actuais.
Fiquem com a poesia de João José Cochofel, e descubram-no! 
Sem
frases de desânimo, 
nem
complicações de alma, 
que
o teu corpo agora fale, 
presente
e seguro do que vale.
Pedra
em que a vida se alicerça,
argamassa
e nervo, 
pega-lhe
como um senhor
e
nunca como um servo.
Não
seja o travor das lágrimas 
capaz
de embargar-te a voz; 
que
a boca a sorrir não mate 
nos
lábios o brado de combate.
Olha
que a vida nos acena 
para
além da luta. 
Canta
os sonhos com que esperas, 
que
o espelho da vida nos escuta.
("Firmeza" - Canção Heróica)
("Ronda")
(Ronda") 
Amor,
já se aproxima a hora 
de
darmos as mãos e dançar. 
A
ronda que começa agora, 
eia agora!
é
para nela se bailar.
Mas
precisamos ir primeiro 
por
uma madrugada fria,
fazer
dos anseios bandeira, 
na
dor temperar a alegria.
Amor,
já se aproxima a hora 
de
darmos as mãos e dançar. 
Na
ronda que começa agora, 
eia agora!
havemos
todos de entrar.
Se
a vida vã que nos uniu 
à
morte assim nos entregasse, 
seria
uma noite mais noite 
que
a esta noite nos poupasse.
Amor,
já se aproxima a hora 
de
darmos as mãos e dançar. 
A
ronda que começa agora,
 eia agora!
não
mais voltará a parar.
E
o novo dia se levanta 
vadiando
da rua ao telhado. 
–Amor,
estende a tua manta, 
vamos
dormir sobre o passado.
 
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