Pois é, meu querido Vinicius de Moraes, estavas tu descansado da vida, aí no Olimpo dos Artistas, com o teu whiskinho na mão, em bate-papo com o Tom Jobim e a Elis, talvez na companhia do grande médio e médico, o Dr. Sócrates, e do Mané Garrincha, esse génio de pernas tortas.
E tu Vinicius, poeta, embaixador, amante da vida, do amor, das mulheres e, como bom brasileiro, do futebol, lá estavas para assistir ao jogo, no telão do céu.
Mas tu amas é o futebol brasileiro de verdade, verdadeiro, do jogar à bola.
Do Brasil do Didi, do Pélé, do Garrincha, do Sócrates, do Falcão, do Zico, do Bebeto, do Romário, do Ronaldo e do Ronaldinho Gaúcho.
Lembras-te, amigo, até fizeste um poema ao imortal Mané Garrincha:
O ANJO DE PERNAS TORTAS
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
E recordas, saudoso aquela que, aqui para nós, foi a melhor equipa de futebol de todos os tempos, o Brasil campeão do Mundo em 1970:
Félix, o guarda-redes, ou goleiro, naqueles tempos tinha de haver alguém....; os defesas, ou zagueiros, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; os médios, Clodoaldo, Gerson e Rivelino; e os avançados, Jairzinho, Tostão e Pélé.
Pois era, caro Vinicius eles foram um poema, uma sinfonia, uma orquestra em cima do relvado, do gramado, com se diz nesse Português com açúcar (nosso mestre Eça de Queirós...).
Lembras-te?
Félix, o guarda-redes, ou goleiro, naqueles tempos tinha de haver alguém....; os defesas, ou zagueiros, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; os médios, Clodoaldo, Gerson e Rivelino; e os avançados, Jairzinho, Tostão e Pélé.
Pois era, caro Vinicius eles foram um poema, uma sinfonia, uma orquestra em cima do relvado, do gramado, com se diz nesse Português com açúcar (nosso mestre Eça de Queirós...).
Lembras-te?
(Final do Mundial de 1970: Brasil 4, Itália 1)
Ai Vinicius, o samba combinava com a bola, e era tudo tão natural, sem regra, esquadro e folhas de excel.
Com talento, criatividade, sem tácticas e preconceitos de Parreiras ou Filipões.
Até o futebol virava canção:
("O Futebol" - Chico Buarque de Hollanda)
Pois é, poeta, ontem, aí no teu Olimpo, viste um Brasil adulterado, e uma tropa alemã a sambar como o Brasil. As voltas que o mundo dá, não é meu poeta?
Olha, conforta aí o Tom, a Elis, o Mané, o Dr. Sócrates, o Didi, vocês estão acima daquilo tudo, tal como o futebol que joga à bola. Afinal, é só pontapé....
Recita os teus poemas, lê os teus escritos, e canta as tuas canções.
E deita as tristezas para trás das costas.
Amanhã é outro dia, e o teu Brasil é muito mais que uma Copa!
Saravá!
("Felicidade" - Vinicius, Tom Jobim, Tóquinho e Miúcha)
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