quinta-feira, 28 de março de 2013

TENHAM MEDO, TENHAM MUITO MEDO

A frase que dá título a esta crónica foi retirada da 1ª. página do jornal "i", e reflecte o histerismo pouco civilizado com que foi recebida a notícia do regresso de José Sócrates como comentador da RTP, onde, entre 2004 e 2005 já tinha desempenhado tal tarefa (na altura em conjunto com Santana Lopes), lembra-se.
Histerismo, também pouco democrático, patenteado nas petições pró e contra, ou em pedidos de comparência na Assembleia da República do director de informação da RTP.
Afinal, e legalmente, a estação pública de televisão é livre de contratar quem bem entender, de acordo com os seus estatutos, e ainda por cima pro bono.
Julga-se que a entrevista de ontem de José Sócrates cuja acção, enquanto primeiro-ministro, esclareça-se já, é passível de muitas críticas, deve ter deixado muita gente nervosa, a roer as unhas.
Se bem que não tenha justificado completamente a derrapagem do défice em 2010, nem outros aspectos importantes como as PPP's hospitalares, a tardia resposta ao desencadear da crise (aqui, acompanhado, diga-se, por todos os "inteligentes" da União Europeia) ou a solução para a redução das actuais dívida e défice, no entanto, e ao arrepio de outros, Sócrates chamou claramente os bois pelos nomes, designadamente a postura ambígua e parcial do inquilino de Belém, o sr. Silva, a insistência no aprofundamento do buraco, ao contrário do recomendado por muitos especialistas (ninguém lê Paul Krugman?), e o discurso fatalista, paralisante e desencorajante do ainda actual governo, comparado com a frase de Dante na Divina Comédia: "Abandonai toda a esperança, vós que aqui entrais!".
Caiu, julga-se que, de vez, o mito do "colossal desvio", apesar da sanha quase persecutória dos entrevistadores.
Afinal, como escreveria Edward Albee, "Quem tem medo de Virginia Woolf?".
Fica-nos, por fim, esta frase que resume quase toda a intervenção de ontem:
"Um político que desiste da confiança, de puxar pelas energias do seu país, que desiste do futuro, é um governante que não está à altura das suas responsabilidades"..
 

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