quinta-feira, 21 de março de 2013

A POESIA ESTÁ NA RUA!

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Poesia.
Mesmo com o desvario e desespero a que nos condenam, tentem arranjar um bocadinho de tempo para ler poesia. Portuguesa, de preferência. Há muita e de elevada qualidade: João Roiz de Castelo Branco, Sá de Miranda, Bocage, Antero de Quental, Mário de Sá Carneiro, Florbela Espanca, António Botto, Eugénio de Andrade, José Gomes Ferreira, João José Cochofel, Alexandre O'Neill, David Mourão Ferreira, Sophia de Mello Breyner, Ary dos Santos, Manuel Alegre, e tantos outros e outras. E, claro, os princípes da nossa poesia e da nossa língua (sem "aborto" ortográfico): Luís de Camões e Fernando Pessoa.

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
 (Luís de Camões)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração. 
(Fernando Pessoa)



Sem comentários:

Enviar um comentário