quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O MEXILHÃO FARAÓNICO

 

Com a fina elegância que o caracteriza sempre que abre a boca, o Primeiro Coelho afirmou, sem se rir nem lhe caírem os dentes que, com a crise, "quem não se lixou não foi o mexilhão", e que a crise económica não agravou as desigualdades.
Claro, que temos que dar sempre o desconto a esta gente do governo quando lhes sai na rifa terem que balbuciar umas palavras.
A ignorância, a ausência de cultura e de escrúpulos, a hipocrisia, a pesporrência, saltam da toca como...coelhos! 
De facto, com os cortes drásticos de salários, pensões, prestações sociais, cuidados médicos, com o flagelo destrutivo do desemprego, em números que dobram os de 2010, com uma correnteza de emigrantes, empurrados pelos actos e palavras deste governo, com a subida vergonhosa dos índices de pobreza, designadamente a infantil, com o facto de ser o país europeu onde as mortes por pneumonia mais subiram, com tudo o isto deixa transparecer, com o facto, denunciado pela OCDE de que os rendimentos dos 10% mais ricos, desde o início da crise, é dez vezes superior aos dos 10% mais pobres, de facto, vê-se claramente, o mexilhão não se lixou.
A menos que o mexilhão sejam os mais ricos, os banqueiros, especuladores, corruptos, facilitadores e abridores de portas a negócios ilícitos e mafiosos golden.
E os portugueses sejam a rocha onde bate o mar ou, pior, o lodo onde os nossos pés se atolam e que nos despejam no caminho.
De igual modo, sua excelência exalta com o fim dos Donos Disto e que, com ele, não haverá despesismo nem obras "faraónicas" a esbulhar o precioso erário.
Talvez, com a sua peculiar inteligência, Coelho se referisse a certas auto-estradas que vão dar a nenhures, ao Centro Cultural de Belém ou à Expo-98, quiçá ao Euro-2004.
E mesmo assim, muito haveria a dizer sobre estas e o conceito, coelhamente expendido.
Mas será faraónico dotar as linhas férreas nacionais com a bitola europeia e ligar, em alta velocidade pólos como Sines ou Palmela (Autoeuropa) ao coração da Europa, com os ganhos que tal poderá acarretar?
Ou dotar Lisboa de um aeroporto de facto internacional, que não permita que anteriores rotas que daqui partiam se tenham, actualmente, de ir apanhar, a correr, a Madrid.
Esta ideologia salazarenta do "pobrezinho mas honesto" é uma praga que nos mata.
Investir custa milhões. Mas os benefícios rendem milhares de milhões.
Estadista não é contar os tostões do dia a dia (ler, escrever e contar chega, não é Dr. Crato?).
Para isso qualquer amanuense com competência é suficiente.
Estadista é ver e prever o futuro e construir as pontes necessárias para lá chegar.
Com a ideologia tacanha deste (des)Governo, figuras da estatura de um Infante D.Pedro ou D.João II, do Marquês de Pombal ou de Fontes Pereira de Melo, já estariam em prisão preventiva.    

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