Nascido a 29 de Dezembro de 1911, Alves Redol é uma das figuras máximas daquilo que ficou conhecido por neo-realismo e cujo expoente máximo, na modesta opinião de quem escreve, foi o livro "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes.
Natural de Vila Franca de Xira, de origens humildes, emigrante em Angola, ainda jovem, Redol subiu a vida a pulso, e passou para a escrita toda uma experiência de vida e de luta, que incluiu a prisão, por actividades políticas contra o anterior regime.
A sua escrita retrata a vida, ou a des-vida, dos trabalhadores, de operários a assalariados rurais, transpondo para o diálogo o falar quotidiana das camadas populares., e de acordo com o meio e a sociedade onde se inseriam.
Quem quiser ler Redol, o que se recomenda vivamente, terá à sua frente um fresco vivido do Portugal dos anos 40 a 60, pobre, rural, analfabeto, beato, à imagem do poder de então.
Autor de estudos, literatura infantil, contos, teatro e romance, refulgem obras como "Barranco de Cegos", "Gaibéus", "Fanga", "Uma Fenda na Muralha", a peça "Forja", o conto "Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos" ou o estudo "Cancioneiro do Ribatejo".
Autor multifacetado, Alves Redol é uma figura incontornável da nossa cultura e, insiste-se, senhor de uma obra que merece ser revisitada ou descoberta.