Nasceu a 4 de Fevereiro de 1799 no Porto.
Foi escritor, dramaturgo, jornalista, político, par do reino.
Figura cimeira do romantismo, Almeida Garrett é pessoa de cujas obras se recomenda a leitura.
Isto para não falar do seu empenho político, fervoroso adepto do Liberalismo contra o Absolutismo do Antigo Regime, admirador de Shakespeare, Walter Scott, o escritor do nacionalismo escocês, de Goethe e de Schiller. Foi embaixador, ministro e Secretário do Reino.
Entre outras "pequenas" coisas, foi o principal responsável pela criação do Conservatório de Arte Dramática (actual Conservatório Nacional), da Inspecção Geral dos Teatros, do Panteão Nacional (de acordo com o ideário da Revolução Francesa) e do Teatro Normal (actual D.Maria II), onde procurou revitalizar a arte dramática, recuperando obras desde os tempos de Gil Vicente.
Escreveu poemas como "Camões", "D.Branca" ou "Folhas Caídas", romances como "O Arco de Sant'Ana", ou peças de teatro como "Um Auto de Gil Vicente", "O Alfageme de Santarém" ou "Frei Luís de Sousa".
Garrett foi, também, um precursor na chamada literatura de viagens, com o fundamental "Viagens na Minha Terra", que começou a publicar, em 1843, na "Revista Universal Lisbonense", e que saiu em livro em 1846. Ultrapassando a mera descrição turística, o livro contém, também, uma trama novelesca, que liberta a linguagem da tradição clássica e projecta a literatura do futuro, e os ideais do liberalismo e do romantismo.
Numa altura em que os "livros de aeroporto" pululam como cogumelos, porque não ler um pouco do muito que tem Garrett para nos oferecer.
E reflectir, tal com o ele o fez nas "Viagens da Minha Terra":
"Não:
plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai
estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para
andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda
material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão
diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi
tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de
interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que
lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens
ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já
calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao
trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância
crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um
rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas
comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é
preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes
do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Robert Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."
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