A poesia está na rua!
Cartaz pintado por Vieira da Silva, com a frase «a poesia está na rua» |
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Não hei-de morrer
sem saber
Qual a cor da liberdade. Eu não posso senão ser desta terra em que nasci. Embora ao mundo pertença e sempre a verdade vença, qual será ser livre aqui, não hei-de morrer sem saber. |
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Trocaram tudo
em maldade,
é quase um crime viver. Mas embora escondam tudo e me queiram cego e mudo não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade.
(Jorge de Sena, Poesia
II)
ABRIL DE ABRIL Manuel Alegre
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas esse Abril em que Abril floriu nas armas.
(30 Anos de Poesia
Publicações Dom Quixote) | |
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