Parabéns Manuel Alegre, poeta da Liberdade, poeta de Abril.
São 78 anos de idade, são e serão muitos mais de poesia.
Poesia de esperança, nos tempos do negrume,
Mas também de desesperança pela clara madrugada que nunca mais chegava,
E fazia Triste o Alegre,
("E Alegre se Fez Triste" - canta Adriano Correia de Oliveira)
Mas a trova que via o vento a passar,
Fez-se hino,
Rompeu a noite,
"Que o poema seja microfone e fale/
uma noite destas de repente às três e tal/
para que a lua estoire e o sono estale/
e a gente acorde finalmente em Portugal".
uma noite destas de repente às três e tal/
para que a lua estoire e o sono estale/
e a gente acorde finalmente em Portugal".
(excerto de Poemarma, de 1964, incluído no livro "Praça da Canção", 1965)
E fez nascer o dia inteiro e limpo,
E rir e chorar o poeta,
E todos e cada um e uma de nós,
E fazer voar o sonho,
"Abril de Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas."
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas."
E nesta nova hora de amargura, desesperança, medo,
De novo a poesia nos sacia a sede e a dor,
De novo o poeta chicoteia os vendilhões,
Nos devolve a esperança,
Com Alegria Alegre.
"Cassandra e a Troika
Então Cassandra apareceu na rua
trazia um cartaz para entregar à Troika
saúde educação dizia ela. E havia
em seu olhar a cólera e a beleza
ela era a filha de Príamo aquela
por quem Apolo se apaixonou
nos seus ouvidos passaram as serpentes
e por isso ela ouvia o que ninguém ouvia
tinha vindo para avisar que a Troika
é o novo cavalo falso dentro da cidade
os seguranças rodearam-na mas ela falava
seus longos cabelos soltos sob o sol de Lisboa
clamava por justiça e dignidade
ouvissem ou não ouvissem ela era a sibila
e apontava o cavalo dentro da cidade."
trazia um cartaz para entregar à Troika
saúde educação dizia ela. E havia
em seu olhar a cólera e a beleza
ela era a filha de Príamo aquela
por quem Apolo se apaixonou
nos seus ouvidos passaram as serpentes
e por isso ela ouvia o que ninguém ouvia
tinha vindo para avisar que a Troika
é o novo cavalo falso dentro da cidade
os seguranças rodearam-na mas ela falava
seus longos cabelos soltos sob o sol de Lisboa
clamava por justiça e dignidade
ouvissem ou não ouvissem ela era a sibila
e apontava o cavalo dentro da cidade."
("Cassandra e a Troika "- inédito de 2013)
("Canção Tão Simples" - outra vez Adriano)
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