Deixou-nos fez ontem 30 anos.
Deixou-nos?
Nunca nos deixou.
Arrebatador, Intenso,
Imenso, Excessivo,
Genial,
Artífice e Operário da língua portuguesa,
Filigranou o verso e o soneto
Filigranou o verso e o soneto
Como muito poucos,
Publicitário de rasgos repentistas,
Minha lã, meu amor,
Minha lã, meu amor,
Amado e odiado,
Com a Poesia rasgou o silêncio,
Coloriu o cinzento,
Abriu esperança e luz nas trevas,
Cavalgou à solta nas margens dos nossos afectos,
Cavalgou à solta nas margens dos nossos afectos,
Soltou chispas da alma, do sangue,
Que desaguaram no coração do Poema.
Chama-se José Carlos Ary dos Santos.
A sua enorme, genial poesia, permanece, ainda, à margem de certos círculos "bem pensantes" e "literários", pois claro, o Ary escrevia para canções, para as vulgares pessoas, para as gentes. Para Amália, Zeca Afonso, Carlos do Carmo, Fernando Tordo (com o qual escreveu mais de 100 canções), Paulo de Carvalho, escreveria até para o futuro, para Mariza, Mafalda Arnauth ou Kátia Guerreiro.
Que pecado, para os controladores imaculados e virginais da intelectualice!
Mas, espera lá... Não é que o Luís, o Camões, também foi cantado por eles?
O exercício que se pede é que, para além de se ouvirem as canções, escutem-se os poemas do Ary, verdadeiros momentos muito altos da Língua Portuguesa.
Para lembrar, eternamente!
"DESFOLHADA"- Simone de Oliveira
"TOURADA" - Fernando Tordo
"ESTRELA DA TARDE" - Carlos do Carmo
"A CIDADE" - José Afonso
"LISBOA MENINA E MOÇA" - Paulo de Carvalho
"É DA TORRE MAIS ALTA"-Amália Rodrigues
"CAVALO À SOLTA"-Fernando Tordo
E ninguém mais escreve esta poesia! Que é de Hoje! E de Amanhã!
"LISBON BY NIGHT" - Ary dos Santos
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